Cannabis ou maconha, é o termo atribuído a um tipo de planta que é cultivado e usado pelo homem há pelo menos mil anos. Mas, você sabia que existem diferentes tipos de cannabis? O que é cannabis Sativa e o que é cannabis Indica?
Cultivadas originalmente em diferentes partes do mundo, a cannabis Sativa e a cannabis Indica geralmente são diferenciadas pelos efeitos que causam e pelas propriedades que possuem. Tal diferenciação, no entanto, encontra relutância entre os especialistas que defendem que ambos os tipos são ricos quimicamente e podem ser usados tanto para fins recreativos quanto medicinais.
A seguir, você vai conhecer um pouco mais sobre esses dois tipos de cannabis, compreender a origem dessas plantas fascinantes e entender o que diferencia um tipo do outro. Vamos lá?
A rigor, costuma-se denominar cannabis Sativa as plantas de cannabis originárias da Europa e das partes mais a oeste da Ásia, enquanto a cannabis Indica era aquela proveniente da Índia, Oriente Médio e toda aquela região sul continental da Ásia.
O termo cannabis Sativa foi usado pela primeira vez pelo renomado biólogo sueco Carl Linnaeus. Em um de seus muitos estudos sobre taxonomia de plantas, lá em meados do século XVIII (1753), Linnaeus deu o nome de Sativa à variedade de cannabis cultivada na Europa.
Na época, o grande interesse das pessoas na cannabis Sativa era a extração das fibras da planta e a produção de sementes, não estando a planta associada ao uso recreativo para fins psicoativos (pelo menos não naquele recorte de tempo).
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Já o termo cannabis Indica foi usado pela primeira vez pelo naturalista francês Jean-Baptiste Lamarck, também no século VIII (em 1785). Lamarck chamava de Indica a variedade de cannabis produzida na Índia e no Oriente Médio.
Diferentemente da exploração da cannabis para fins comerciais na Europa daquele tempo, a cannabis Indica estava diretamente relacionada ao uso recreativo e religioso. Destaca-se nesse período a extração da planta para produção e consumo de haxixe.
Estudos recentes apontam que a variedade Sativa é originária da variedade Indica, sendo a cannabis Indica a “mãe” das variedades de maconha.
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As principais diferenças entre os tipos de Cannabis Sativa e Indica são:
Cannabis Sativa: são plantas altas (que podem facilmente atingir mais de 3 metros de altura), com folhas finas e alongadas. Também são conhecidas como cânhamo, possuem floração mais lenta (60 a 90 dias), se desenvolvem bem em clima tropical e são as mais usadas pela indústria tanto para extração de fibras quanto para uso medicinal e cosmético. O cânhamo possui quantidades maiores de THC (canabinóide psicoativo), e é a variedade preferida para uso medicinal.
Algumas das strains mais populares de cannabis Sativa são a Sour Diesel, a Purple Haze e a Jack Herer.
Cannabis Indica: são plantas menores do que a cannabis Sativa, mais ramificadas, com folhas mais largas e de tons mais escuros de verde. Se desenvolvem bem em climas mais amenos e a floração é mais curta (entre 45 e 60 dias). A cannabis Indica é rica em CBD (canabidiol) e até hoje é muito usada na Ásia e no Oriente Médio para produção de haxixe (um composto extraído da resina das folhas da cannabis e que pode ser fumado ou até mesmo ingerido).
Algumas das strains mais populares de cannabis Indica são a Grandaddy Purple, a Northern Lights e a Bubba Kush.
Em termos de efeito ao fumar, a cannabis Sativa tende a produzir efeito mais enérgico e uma brisa mais intensa. Por outro lado, a cannabis Indica é mais relaxante e tende a acalmar, estimular o sono.
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Embora venha se disseminando há séculos que a Cannabis Sativa é mais rica em THC e a cannabis Indica é rica em CBD, estudos recentes desencorajam esse tipo de afirmação. O dr. Ethan Russo, um grande pesquisador de cannabis, explicou:
“A maneira como a Sativa e Indica são rotuladas é um disparate. Os efeitos clínicos da composição química da cannabis não têm nada a ver com o fato de a planta ser alta e esparsa versus curta e espessa, ou se as folhas são estreitas ou largas”.
Soma-se a essa polêmica o fato de que ambos os tipos de cannabis vêm sendo cruzados genericamente há décadas, produzindo variedades híbridas. Tanto é que, em artigo sobre o assunto, o Sechat diz que “essas espécies foram cruzadas com tanta frequência que, efetivamente, todas as cepas de hoje são híbridas de algum tipo. Inclinam-se mais para um lado ou para o outro”.
Em suma, estudos indicam que o que pode realmente determinar a quantidade de canabinoides de uma planta cannabis são testes científicos e não a suposição com base nos tipos de cannabis. Dessa maneira, ambas as variedades podem ser usadas para fins medicinais e ambas podem despertar tanto euforia quanto relaxamento.
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