Verão de 1988. Milhares de latas com maconha prensada de alta qualidade foram encontradas ao longo do litoral do Rio de Janeiro. O acontecimento ficou conhecido como “O Verão da Lata” e que teve um impacto em toda uma geração.
Data de lançamento 6 de dezembro de 2014 | 0h 59min Criador(es): Tocha Alves, Haná Vaisman.
SÃO PAULO - No dia 18 de setembro de 1987, no Guarujá, um gari estava catando lixo quando se deparou com uma grande lata fechada indo e vindo na espuma das ondas. Ele descolou um abridor com um ambulante que passava e pufff... Um cheiro de maconha o envolveu, como um gênio sendo libertado. Nem o mais inventivo maconheiro poderia imaginar isso: um carregamento de 22 toneladas de cannabis da melhor qualidade, embalada a vácuo e acessível a qualquer um que se dispusesse a dar um pulinho no mar.
A maconha foi apelidada de Mike Tyson: um soco deixava o cara na lona. E todo mundo queria saber de onde vinha aquele fumo tão potente. Os jornais falavam no navio Solana Star e num cozinheiro com nome sonoro — Stephen Skelton. As notícias contabilizavam o número de latas recolhidas pela PF, mas não iam a fundo. Até que o cozinheiro foi preso, o barco foi apreendido e a história foi ficando quieta. No vazio das investigações, as especulações proliferaram: os tripulantes do barco voltariam para buscar seu tesouro, que haveria de estar enterrado em alguma ilhota da Guanabara. Outra: havia uma balsa à deriva, com todas as latas, que em dias de mudança de vento se soltavam e acabavam dando em alguma praia. As latas não paravam de chegar: em 1988, foi verão, outono, inverno e primavera “da lata”.