Entenda neste artigo as relações entre cannabis e sistema imunológico e como os canabinóides podem atuar fortalecendo as defesas do organismo. Confira ainda um apanhado com estudos científicos sobre o assunto!
O sistema imunológico do ser humano é fascinante. Células especializadas, órgãos e tecidos atuam sem parar por meio de processos complexos, combatendo intrusos, infecções e outras coisas que podem comprometer o bom funcionamento do organismo.
Manter o sistema imunológico fortalecido significa ajudá-lo a estar sempre apto para lidar melhor com problemas que possam aparecer. Dessa maneira, esse importante sistema pode continuar seu trabalho de manter o equilíbrio do organismo a partir da resposta coordenada das células de defesa.
As principais células de defesa do sistema imunológico humano são os Linfócitos, os Monócitos, os Neutrófilos, os Eosinófilos e os Basófilos. Tais células entram em ação a partir do momento em que o organismo identifica a entrada de algum microorganismo invasor (um corpo estranho ou um agente infeccioso).
A boa alimentação, a prática de exercícios regulares e a manutenção de uma vida saudável e sem vícios são as melhores maneiras possíveis de manter o sistema imunológico fortalecido. No entanto, estudos vêm mostrando que a cannabis e seus fitocanabinóides também podem ser de grande ajuda nesse processo, especialmente nos casos de pacientes que já tiveram o comprometimento desse sistema devido a alguma enfermidade.
Como a cannabis pode ajudar a fortalecer o sistema imunológico? Entenda a seguir o que a ciência já sabe sobre o assunto!
Nosso sistema imunológico possui duas frentes de proteção. A primeira delas é chamada de Resposta imune inata (ou Resposta imune natural). Trata-se do conjunto de barreiras de proteção naturais do corpo humano. Esse conjunto é dividido em três subconjuntos:
Existe ainda outro tipo de proteção do sistema imunológico chamado de Resposta imune adquirida (ou imunidade adquirida). Esse processo acontece quando as células de defesa do organismo precisam aprender a combater determinado agente invasor.
No processo de resposta imune adquirida o corpo pode até sofrer um pouco na primeira vez que trava essa batalha interna contra invasões, mas logo o sistema imunológico aprende como se defender do problema e gera anticorpos que impedem que a infecção aconteça novamente ou que, pelo menos, aconteça de maneira mais branda.
📌 A vacinação, por exemplo, é uma maneira segura de despertar uma resposta imune adquirida no organismo. Neste caso, chamamos tal processo de resposta imune adquirida ativa, pois foi realizada uma ativação do sistema imunológico para que ele aprenda a se defender.
Ter essa visão geral do sistema imunológico é importante para entender como a cannabis pode ajudar a fortalecê-lo. Saiba mais a seguir!
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Nosso organismo possui um par de receptores, chamados CB1 e CB2, que reagem positivamente aos canabinóides presentes na maconha. Essa descoberta foi feita no final dos anos 80 e a esse par foi dado o nome de Sistema Endocanabinóide.
Os receptores CB1 e CB2 ativam os efeitos da cannabis no sistema imunológico. Os dois principais canabinóides da maconha, THC (tetra-hidrocanabinol) e CBD (canabidiol), apresentam efeitos distintos no sistema imunológico devido às suas interações exclusivas com os receptores do sistema endocanabinóide. As descobertas feitas até aqui sugerem que os canabinóides afetam as funções da maioria dos tipos de células imunológicas.
O estudo Respostas imunológicas reguladas por canabidiol, realizado com camundongos e publicado em 2020 na revista científica Mary Ann Liebert, mostrou que o canabinóide CBD é capaz de suprimir respostas inflamatórias no sistema imunológico, podendo induzir a morte celular em determinadas células imunológicas.
Mas calma, isso não é algo ruim! Conforme os cientistas pontuam no artigo, a renovação celular é uma parte normal e importante do ciclo de vida celular e ajuda a manter o sistema imunológico fortalecido e pronto para lidar com respostas inflamatórias.
“Considerando todos os estudos realizados sobre as respostas imunológicas e inflamação, os dados demonstram de forma esmagadora que o CBD é imunossupressor e anti-inflamatório. Os alvos críticos de supressão incluem citocinas, como TNF-α, IFN-γ, IL-6, IL-1β, IL-2, IL-17A e quimiocinas, como CCL-2. O mecanismo geral do CBD envolve a supressão direta de células-alvo, como células T efetoras e células microgliais, por meio da supressão de cascatas de quinase e vários fatores de transcrição”, diz o estudo.
Apesar dos resultados animadores, os cientistas são cautelosos e pontuam a necessidade de muito mais pesquisas científicas para estudar com precisão como os canabinóides atuam no sistema imunológico.
“A identificação do (s) receptor (es) por meio dos quais o CBD atua no sistema imunológico permanece uma questão crítica. Uma parte importante desta questão é se a inibição de FAAH induzida por CBD gera metabólitos anandamida que se ligam a vários receptores para mediar alguns dos efeitos imunossupressores ou anti-inflamatórios do CBD”, concluem os pesquisadores.
Outro estudo intitulado “A administração oral de cannabis com lipídios leva a altos níveis de canabinóides no sistema linfático intestinal e imunomodulação proeminente”, publicado em 2017 na revista científica Nature, indicou que tanto o CBD quanto o THC têm um efeito imunomodulador no sistema linfático intestinal humano, o principal hospedeiro das células imunológicas.
No sistema linfático estão localizados mais da metade dos linfócitos do corpo. São glóbulos brancos que desempenham um papel essencial na localização e destruição de células estranhas ou substâncias que se infiltraram no organismo humano.
De acordo com os pesquisadores, o estudo é animador especialmente para pacientes com doenças autoimunes. Nesses casos, a cannabis pode atingir concentrações mais altas no sistema linfático e suprimir respostas imunes inflamatórias prejudiciais com maiores chances de sucesso.
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Em novembro 2020, pesquisadores americanos ganharam bastante evidência na mídia ao publicar o estudo “Uso de canabinóides para tratar a síndrome do desconforto respiratório agudo e a tempestade de citocinas associadas à doença por Covid-19”, onde um dos focos de estudo era justamente avaliar se os efeitos positivos da cannabis junto ao sistema imunológico ajudariam a criar resistência ao Coronavírus ou melhorar o quadro de pacientes infectados.
“O fato de as células do sistema imunológico produzirem endocanabinóides e expressarem os receptores canabinóides CB1 e CB2 oferece oportunidades únicas para investigar como o sistema canabinóide pode ser projetado para suprimir a inflamação usando canabinóides exógenos e endógenos”, relata o estudo.
Os pesquisadores concluíram:
“Como os canabinóides são supressores potentes da inflamação, conforme evidenciado por sua capacidade de suprimir a tempestade de citocinas em modelos animais, eles podem servir como novos agentes terapêuticos para tratar a tempestade de citocinas e SDRA (Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo) que são observados em pacientes com ou sem COVID-19”.
Falando em canabinóides e Covid-19, é importante mencionar que eu, Bárbara Arranz, à frente da Linha Canábica, venho ajudando em uma pesquisa de campo pioneira no Brasil junto a seis UTIs que tratam pacientes vítimas de Coronavírus que conseguiram restabelecer o funcionamento dos pulmões e deixar a ventilação mecânica, procedimento chamado de extubação.
Ao lado de uma equipe de médicos, estamos introduzindo fitocanabinóides no tratamento de pacientes pós-Covid. O procedimento tem uma uma série de finalidades, especialmente para mostrar o poder desses agentes em ajudar pacientes a fazer o desmame dos medicamentos fortes usando durante o período de intubação.
Tais medicamentos, chamados de Kit Intubação, são anestésicos, bloqueadores neuromusculares e sedativos, e têm funções importantes para que o organismo não rejeite o tubo, para que paciente não sinta dores e também para que ele permaneça dormindo durante essa fase difícil.
O problema é que algumas dessas substâncias, como o Fentanil e os opióides Metadona e Oxicodona, podem causar dependência dependendo do tempo em que o paciente precisará ficar intubado. Neste sentido, os canabinóides presentes na maconha podem ajudar a limpar o organismo dessa dependência quando a pessoa finalmente é extubada, ou seja, não necessita mais de ventilação mecânica.
Nesse estudo pioneiro, ouço relatos diários de médicos que notam a eficácia dos fitocanabinóides no quadro geral dos pacientes, no controle da ansiedade e também na manutenção do equilíbrio da saturação dos pacientes, ou seja, na quantidade de oxigênio presente no sangue do paciente.
Tanto o Coronavírus quanto o possível uso de canabinóides para tratar essa doença são assuntos muito novos para a ciência e ainda são necessários muitos estudos para entender melhor ambos os assuntos e suas possíveis relações. Entretanto, os resultados preliminares e a já comprovada capacidade da cannabis de fortalecer o sistema imunológico são vistos como forte fonte de esperança pela comunidade científica.
Usar o óleo de cannabis para fortalecer o sistema imunológico e ajudá-lo a lidar melhor com inflamações é uma decisão que pode ser tomada em conjunto com seu médico.
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