Sabia que estudos apontam que os canabinóides presentes na maconha podem ajudar a reduzir a pressão intraocular e, consequentemente, auxiliar pacientes com glaucoma a tratar a doença? Entenda como funciona a cannabis no tratamento do glaucoma.
De acordo com dados divulgados pelo Dr. Dráuzio Varella, o glaucoma é uma doença que afeta cerca de 2% dos brasileiros acima dos 40 anos (por volta de 1 milhão de pessoas). A incidência da doença pode triplicar na faixa etária de idosos acima dos 70 anos.
Um dos maiores inimigos do combate ao glaucoma é o diagnóstico tardio. Infelizmente, muitos brasileiros não têm o hábito de ir ao oftalmologista frequentemente, deixando para fazê-lo apenas em situações extremas. Só para se ter uma ideia, uma pesquisa Ibope encomendada pela Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) aponta um dado alarmante: 1 terço dos brasileiros com mais de 16 anos nunca foi ao oftalmologista!
Se por um lado visitar o oftalmologista pelo menos uma vez ao ano é essencial, por outro é preciso discutir o que a medicina alternativa está descobrindo para ajudar pacientes que já sofrem da doença. Neste sentido, estudos vêm apontando a eficácia da cannabis e seus canabinóides no tratamento da doença, bem como na diminuição da pressão intraocular, pressão esta que é a principal causa da cegueira em pacientes com glaucoma.
A seguir, saiba mais sobre o que é o glaucoma, o que causa essa doença e o que os estudos científicos estão apontando sobre o uso da cannabis no tratamento do glaucoma.
O glaucoma é uma doença progressiva causada pelo aumento da pressão intraocular. Esse aumento acaba ocasionando a lesão do nervo óptico e em 80% dos casos leva os pacientes à cegueira.
Nossa pressão ocular (ou tensão ocular) deve se manter em por volta de 15 mm Hg (pressão normal do olho) embora possa oscilar entre os 10 e 22 mm Hg (valores limite). Quando há anomalia nesses números (detectada através de exames oftalmológicos) algo está errado e pode ser glaucoma.
Essa pressão ocular desregulada vai pressionando o nervo óptico, que funciona como uma espécie de cabo elétrico levando as informações das imagens captadas pelo olho até o cérebro. Com o nervo danificado ou pressionado, a tarefa de conduzir as imagens até o cérebro vai ficando cada vez mais difícil, podendo levar à perda parcial ou total da visão.
No começo, o paciente pode nem sentir essa pressão ocular desregulada. Outras vezes, sente apenas um leve desconforto que associa a cansaço da vista ou falta do uso de óculos. Os sintomas podem começar a se intensificar quando o quadro já se instaurou há um tempo considerável, o que pode complicar o tratamento.
Os principais sintomas do glaucoma são o aparecimento de manchas escuras na visão, olhos avermelhados ou lacrimejantes, sensibilidade à luz (fotofobia), dor nos olhos e dor de cabeça.
Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) mostram que o glaucoma é a segunda maior causa de cegueira no Brasil, atrás apenas da catarata. Ainda de acordo com o CBO, cerca de 74,8% dos casos de cegueira e deficiência visual podem ser prevenidas ou curadas se tiverem acompanhamento médico.
O glaucoma pode ter causa hereditária ou ser consequência de outras doenças, especialmente o diabetes. É por isso que controlar o diabetes é fundamental para manter a saúde da visão.
Quanto mais se estuda a cannabis e seus componentes (especialmente os canabinóides), mais se percebe que os princípios podem ser usados para o tratamento de uma série de doenças, inclusive o glaucoma.
O primeiro estudo sobre uso da cannabis na diminuição da pressão ocular foi publicado em 1971 por Hepler e Frank. Na época, os pesquisadores aplicaram nos olhos de pacientes voluntários uma mistura de THC, um dos canabinóides mais abundantes da maconha, e um veículo aquoso. Os resultados daquele estudo apontaram a diminuição de 30% na pressão ocular dos pacientes que participaram da pesquisa.
No final dos anos 70, uma equipe de pesquisadores realizou uma série de estudos em conjunto entre a Howard University e a University of North Carolina. O objetivo era analisar a influência da maconha na pressão intraocular. Em um desses estudos, eles descobriram que a pressão intraocular média em pacientes não medicados foi reduzida de 28 mmHg a 22 mmHg, ou seja, reduziu substancialmente de um nível crítico ao limite da margem aceitável.
O mesmo estudo em questão ainda apontou um aumento substancial na frequência cardíaca e uma diminuição na pressão arterial dos pacientes que participaram do estudo, servindo como estímulo para que pesquisas sobre o uso da cannabis no controle da pressão arterial fossem conduzidas.
Outro estudo intitulado Canabinóides: um novo tratamento para o glaucoma, publicado em 2014, reforçou que a cannabis realmente possui eficácia no tratamento do glaucoma. Para o estudo foram aplicadas gotas da solução à base de canabinóides diretamente no olho de ratos. Após o tratamento, a pressão intraocular foi significativamente reduzida para 11 ± 0,9 mmHg após 60 min e para 12 ± 1,1 mmHg após 120 min em comparação com a linha de base de 14 ± 0,6 mmHg (p <0,03, n = 6).
Os estudos conduzidos até hoje mostram que o THC é o canabinóide que melhor atua na diminuição da pressão intraocular e, portanto, mais pode ajudar pacientes com glaucoma. O CBD, embora tenha apresentado alguns resultados mínimos, não se mostra tão eficiente quanto o THC.
Outra descoberta feita pelos estudos acima é a ingestão de canabinóides também produz efeito no tratamento do glaucoma, assim como o uso típico, ou seja, pingar a solução diretamente no olho.
Muitos estudos estão sendo conduzidos ao redor do mundo sobre a ação dos canabinóides no tratamento do glaucoma. No entanto, ainda não existem colírios à base de canabinóides para tratar essa doença.
O que o mercado já oferece é o óleo de cannabis Full Spectrum, ou óleo CBD, que concentra os canabinóides e todas as propriedades medicinais da maconha em uma mesma solução oleosa. O óleo de cannabis não tem efeito psicoativo, ou seja, não deixa o paciente “chapado”. Ele vem sendo usado para o tratamento de uma série de enfermidades, sendo mais associado ao tratamento de pacientes com autismo, epilepsia e outras doenças como insônia, dores musculares e inflamações.
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