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5 filmes brasileiros para pensar a Cannabis

19 de junho – Dia do Cinema Brasileiro

Diz aí: quantas coisas você aprendeu com o cinema? Podemos apostar que um bocado de coisa, mesmo as mais bobas. 

O cinema, ao contrário do que muitos pensaram, não é apenas veículo de diversão e entretenimento.  Assim como na música, os filmes nos fazem pensar e sentir coisas diferentes, lembrar de memórias, épocas e pessoas – conhecer realidades e lutas que normalmente estariam distantes. 

Tudo isso é muito bacana, mas infelizmente o cinema brasileiro ainda não recebe a atenção devida. Por uma série de questões socioeconômicas – como a falta de financiamento, capacitação e divulgação – os grandes blockbusters internacionais são maioria nas salas de cinema e nos serviços de streaming. Muitas vezes até encontramos atores brasileiros nesses lugares, mas em produções internacionais…

🌱 É por isso que a LCB vem, nesse Dia do Cinema Brasileiro, trazer pra você 5 filmes de cineastas brasileiros para pensar a Cannabis e seu lugar no nosso país!

🎥 Então pega a pipoca e embarca nessa seleção! 

🚨 Ah! Alguns dos filmes nessa lista são mais sérios e reflexivos – por isso talvez seja uma boa fazer a sessão depois de assistir. Assim a gente evita aquela bad, belê?

“Ilegal: A Vida Não Espera” (2014)

Dirigido por Tarso Araújo, o filme-doc retrata uma realidade persistente no país: pessoas em busca de tratamento numa batalha contra a legislação brasileira.

Além de mostrar as dificuldades burocráticas colocadas no caminho dessas famílias, a produção também retrata o dia-a-dia angustiante de não saber o futuro do tratamento de um filho. O potencial da Cannabis mobiliza muitas histórias nessa obra – pessoas anteriormente desalentadas com a possibilidade de melhora dos parentes agora lidam com um novo problema: como viabilizar o tratamento sob os olhos da proibição. Ou ainda, como lidar com o estigma social.

Uma história emocionante e essencial para entender a situação do nosso país, “Ilegal” é uma porta de entrada para o debate sobre a probição das drogas no país. Que tal chamar aquele parente conservador pra assistir? 

E o melhor: tá disponível no YouTube 🙂

“Cidade de Deus” (2002)

Indicado ao Oscar em quatro categorias – melhor roteiro adaptado, melhor diretor, melhor edição e melhor fotografia – Cidade de Deus é tranquilamente um dos filmes brasileiros mais aclamados da história. Dirigido por Fernando Meirelles, o longa-metragem busca contar a trajetória de um bairro na zona oeste do Rio de Janeiro desde o século passado. 

Entre as transformações e eventos narrados, percebemos como os efeitos da guerra às drogas criam um sistema violento que se reproduz, geração por geração. A escalada de violência demonstra como a proibição só sustenta duas coisas: o tráfico e o racismo. A maconha aparece em momentos variados da história, seja num escritório de jornal ou nas ruas da Cidade de Deus.

Adaptado do livro homônimo de Paulo Lins, esse filmaço é uma pérola imperdível do cinema brasileiro, e só parece ficar mais popular conforme o tempo passa e o debate político avança.

“Verão da Lata” (2014)

Essa é uma história que muita gente conhece, ainda que tenha acontecido em 1987. O documentário dirigido por Tocha Alves traz relatos orais e materiais do famoso “Verão da Lata”, quando milhares de latas recheadas de maconha começaram a chegar nas praias do Rio de Janeiro

Exatamente, mais de 10 mil latas até a tampa com Cannabis chegaram boiando nas praias do litoral naquele verão de 1987.

Uma das curiosidade dessa história é que o único preso, até hoje, foi o cozinheiro do navio que transportava o carregamento. Todos os outros tripulantes conseguiram fugir do país. É um caso icônico das rotas marítimas utilizadas pelo tráfico internacional – muitas vezes em barcos improvisados e sujeitos ao naufrágio. 

O “veneno da lata” marcou uma geração de ativistas canábicos e artistas, tornando-se um evento quase folclórico da comunidade no país. Muitos ainda têm as latas guardadas em casa. O filme é um ótimo resumo dos acontecimentos, contando até com relatos de autoridades.

Também está completo no YouTube!

“Bicho de Sete Cabeças” (2000)

A diretora Laís Bodanzky adapta uma história real nesse longa – dessa vez, a trajetória de Austregésilo Carrano (interpretado por Rodrigo Santoro) durante sua internação psiquiátrica. O drama vivido pelo homem é relatado em seu livro autobiográfico e adaptado para o cinema nas lentes de Laís.

Entre os motivos para sua prisão no manicômio estava o consumo de maconha. Não só isso, o filme retrata a realidade de violência e opressão estrutural nos manicômios brasileiros. A obra pode ser uma boa introdução para entender a luta antimanicomial.

Hoje, mesmo com a reforma psiquiátrica, internações compulsórias por uso de drogas ainda são uma realidade – principalmente em clínicas religiosas, as chamadas comunidades terapêuticas. 

Cru e real, “Bicho de Sete Cabeças” é uma ótima representação do cinema brasileiro dos anos 2000. Uma história instigante e revoltante, como várias nessa lista.

“Legalize Já – A Amizade Nunca Morre” (2017)

O último na nossa lista de filmes é uma cinebiografia do Planet Hemp, grupo de rap-rock brasileiro dos anos 1990. Formado por nomes como Marcelo D2, BNegão e Black Alien, a “esquadrilha da fumaça” foi um dos grupos de rap pioneiros no Brasil a abraçar a causa pela legalização.

Dirigido por Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, a obra também ajuda a contextualizar o lugar da música como espaço de revolta e transformação. Com uma bela fotografia da cidade maravilhosa e suas contradições – como os encontros nos Arcos da Lapa – o filme caracteriza muito bem o ambiente jovem e popular que gestou o movimento pela legalização no país. 

Antes de ir assistir…

A LCB queria deixar uma mensagem muito importante para você, amante do cinema. 

Localizada próxima ao Parque Ibirapuera em São Paulo, a Cinemateca Brasileira está atualmente fechada desde março de 2020, depois de anos de negligência governamental. Existe grande preocupação com o acervo da instituição – mais de 250 mil rolos de filmes, a maioria ainda não digitalizada.  

Além de ser um local histórico e protagonizar a conservação do cinema nacional desde a década de 1940, possui milhares de roteiros originais, cartazes de filmes antigos e gravações praticamente intocadas. Quem frequentava o local podia assistir, a baixo custo, obras normalmente não veiculadas nos cinemas comerciais. 

Atualmente o MPF (Ministério Público Federal) move uma ação contra o Governo Federal pelo abandono da cinemateca, que estaria com parte do acervo em perigo depois de enchentes e meses sem manutenção. Milhares de rolos e documentos poderiam ser perdidos.

Se você mora na cidade de São Paulo ou simplesmente preza pelo patrimônio cultural brasileiro, é hora de pressionar as autoridades para salvar a cinemateca e seu acervo. Conheça a Associação Brasileira de Preservação Audiovisual e ajude como puder. O site da ABPA contém muitas informações.

💭 E feliz dia do Cinema Brasileiro!

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Pedro Costa

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