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Cannabis e Doença de Crohn: como a maconha ajuda?

Já ouviu falar na Doença de Crohn? Pouco conhecida da população, essa doença relativamente rara é considerada séria e causa fortes inflamações no trato gastrointestinal. Quais as consequências da  Doença de Crohn, quais os tratamentos disponíveis e como a cannabis pode ajudar pacientes que sofrem dessa enfermidade? Descubra a partir de agora!

Doença de Crohn é uma doença inflamatória crônica, ou seja, não se sabe ao certo como surge. Ela pode afetar todo o sistema digestivo do paciente, acometendo principalmente o íleo terminal (parte inferior do intestino delgado) e o cólon. 

Essa patologia não tem cura, apenas tratamento para amenizar os sintomas. Pacientes que lidam com a  Doença de Crohn geralmente enfrentam um quadro de altos e baixos, com períodos agudos (de intensa manifestação dos sintomas) e outros de remissão (com atenuação dos sintomas).

Um estudo realizado na cidade de São Paulo estimou que essa doença atinge cerca de 14,8 pessoas para cada 100.000 habitantes. Em países desenvolvidos, a incidência é de aproximadamente 5 casos para cada 100.000 habitantes.

O grupo onde a  Doença de Crohn se manifesta na maioria das vezes é o das pessoas entre 20 e 40 anos, mas há casos de manifestação antes e depois dessa faixa etária. Médicos associam o hábito de fumar como um fator de risco para o aparecimento da doença.

Outra hipótese bastante aceita na comunidade médica é a de que a  Doença de Crohn esteja ligada a uma desregulação do sistema imunológico do paciente. Fatores genéticos, ambientais, infecciosos e ligados aos hábitos alimentares também podem estar envolvidos na manifestação da doença e na complexidade do caso.

Doença de Crohn: diagnóstico e tratamentos disponíveis

Os sintomas mais comuns da  Doença de Crohn são: diarréia crônica, fortes dores abdominais, perda de peso e fístulas (passagens anormais que se formam no organismo em decorrência de alguma anomalia ou doença). Pacientes com o quadro grave apresentam ainda febre, vômitos constantes e sinais obstrutivos intestinais.

Para diagnosticar a doença e sua localização exata no aparelho digestivo, o médico gastroenterologista geralmente pede testes laboratoriais, exames radiológicos (raio-x, ultrassonografia, tomografia, etc) e também uma endoscopia. 

Existem três níveis de gravidade da Doença de Crohn: leve a moderada, moderada a severa e severa. Em casos severos, pode haver a necessidade de intervenção cirúrgica para tratar consequências da doença como obstrução intestinal, perfuração ou fístulas.

De acordo com a Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD), os medicamentos mais utilizados para reduzir a inflamação causada pela doença são a sulfasalazina, a mesalazina e os corticosteróides.

“Os corticosteróides são administrados quando os sintomas são mais graves; sua dose é diminuída lentamente até ser descontinuado quando da melhora dos sintomas. Outros medicamentos utilizados são a azatioprina e a 6-mercaptopurina – fármacos  imunossupressores que tentam reduzir os sintomas, fechar as fístulas e diminuir ou eliminar a dependência de algumas pessoas aos corticóides”, diz uma nota da Associação.

Como você pôde perceber, pacientes que sofrem da Doença de Crohn precisam de medicamentos para o resto da vida para tratar as consequências da inflamação. Nos casos mais graves, onde há a necessidade do uso de corticosteróides, há o risco de dependência – quadro que os médicos chamam de pacientes corticodependentes.

Mas como a cannabis entra nessa história e pode ajudar quem sofre da Doença de Crohn? Descubra a seguir!

Cannabis e Doença de Crohn: o que a ciência diz?

Como foi mostrado acima, a dependência de medicamentos acaba sendo algo comum na vida de pacientes que sofrem da Doença de Crohn, o que é péssimo e eleva os riscos de toxicidade. Por outro lado, a inflamação precisa ser controlada para que os sintomas sejam atenuados e a pessoa consiga levar uma vida relativamente normal. 

Mas como a cannabis, uma planta 100% natural, pode ajudar essas pessoas? A resposta está no elevado poder anti-inflamatório da maconha.

A maconha possui mais de 400 componentes, muitos deles são chamados de canabinóides. Nosso organismo, por sua vez, possui um par de receptores (CB1 e CB2) que estão espalhados por diferentes regiões do corpo e reagem a esses canabinóides, produzindo diferentes resultados.

Um dos benefícios mais estudados da ação dos canabinóides é justamente o poder anti-inflamatório dos mesmos. Quando ativados, os receptores ajudam a conter a atividade inflamatória, melhorando o quadro de inflamação inclusive no intestino.

O estudo “Cannabis induz uma resposta clínica em pacientes com Doença de Crohn: um estudo prospectivo controlado por placebo”, publicado em 2013, acompanhou 21 pacientes com a Doença de Crohn em estado moderado a severo ou severo. Alguns dos pacientes estudados receberam cigarros de cannabis por 8 semanas, com concentração especial do canabinóide THC (Tetrahidrocanabinol), enquanto outros receberam placebo. Os 11 pacientes tratados com cannabis deveriam fumar o composto especial duas vezes ao dia. Os resultados foram animadores!

A remissão completa da Doença de Crohn foi alcançada por 5 de 11 indivíduos no grupo dos que ingeriram cannabis. A redução considerável da inflamação foi observada em outros 5 dos 11 pacientes que fizeram uso do composto de canabinóides. Além disso, os pacientes do grupo que fizeram o tratamento com a cannabis medicinal relataram uma melhora na qualidade de vida em diversos aspectos, especialmente no que diz respeito ao apetite e ao sono. O melhor de tudo: nenhum dos pacientes apresentou efeitos colaterais significativos.

O estudo conclui relatando os resultados animadores, mas alertando sobre a importância de novas pesquisas com grupos maiores e por um período mais longo. Em todo caso, a melhora no quadro apontada por quase todos os pacientes que usaram a cannabis (10 de 11) é um forte indicador do poder da maconha no controle da inflamação.

Em outro estudo, dessa vez com 30 pacientes, pesquisadores alemães também buscaram estudar o poder da cannabis medicinal no tratamento da Doença de Crohn e doenças inflamatórias intestinais. O estudo intitulado Eficácia, tolerabilidade e segurança dos canabinóides em gastroenterologia: uma revisão sistemática foi publicado em 2016 e trouxe alguns resultados positivos.

“Houve uma tendência clara para a diminuição da dor abdominal e melhora do apetite em pacientes tratados com a cannabis medicinal”, diz o artigo.

Como você pôde observar, ambos os estudos apontam que os efeitos positivos da cannabis medicinal vão além do tratamento da inflamação, ajudando em outras questões importantes para a vida dos pacientes, como o apetite e o sono.

Por ser uma doença sem cura, não podemos esperar que a cannabis vai eliminar a Doença de Crohn da vida dos pacientes. Mas se a planta puder ajudar a melhorar o quadro inflamatório e manter a doença em estado de remissão, a qualidade de vida dos pacientes já vai melhorar muito. E o melhor: sem dependência a medicamentos fortes. 

Uma das maneiras de fazer uso da cannabis medicinal é através do óleo de cannabis full spectrum. Trata-se de um produto natural onde são extraídos todos os componentes da planta, conservando os canabinóides sem produzir efeitos psicoativos.

Uma das alternativas no Brasil é a Linha Canábica da Bá, que produz o óleo CBD  Full Spectrum. O atendimento e os pedidos podem ser feitos pelo site. Há uma equipe preparada para esclarecer dúvidas e passar as orientações sobre o uso do óleo de cannabis full Spectrum para cada situação, além de recomendar médicos com os quais o paciente pode se consultar para obter mais informações sobre a maconha medicinal. 
Você também pode visitar o site da Linha Canábica para conhecer outros produtos e seguir a linha no Instagram e no Linkedin para ficar sempre informado sobre o universo da cannabis medicinal.

Barbara Arranz

Biomédica, especilista em terapia canabinoide e psicodélica, habilitada em acupuntura e análises clínicas e pós graduada em cosmetologia e desenvolvimento de novos projetos pela Uniara, atualmente vivo em Madri. Mulher, mãe atípica, ativista, educadora e empreendedora.

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