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Como a maconha pode ajudar a tratar o câncer de mama

Quanto mais se estuda a cannabis sativa, mais complexa e poderosa a planta se mostra. A lista de doenças que podem ser tratadas com a cannabis não para de aumentar e uma das mais importantes, sem dúvidas, é o câncer em suas mais diversas variantes, inclusive o câncer de mama.

Estamos em plena campanha do Outubro Rosa e os números relacionados à doença ainda assustam. O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente em mulheres no Brasil, atrás apenas do câncer de pele. Dados do Instituto Nacional do Câncer, órgão ligado ao Ministério da Saúde, mostram que em 2019 foram registrados 59.700 novos casos de câncer de mama , o que representa 29,5% do total de casos de câncer em mulheres no país.

“Fatores relacionados ao conhecimento da doença e às dificuldades de acesso das mulheres aos métodos diagnósticos e ao tratamento adequado e oportuno resultam na chegada das pacientes em estágios mais avançados do câncer de mama , piorando o prognóstico”, explica trecho da publicação do Ministério da Saúde.

É por isso que é fundamental realizar o autoexame frequentemente e consultar o ginecologista regularmente. Se a mulher possui casos de câncer na família, esse acompanhamento precisa ser ainda mais rigoroso, pois hereditariedade é um dos maiores fatores de risco.

Mas, e se o diagnóstico de câncer foi confirmado? De que forma a cannabis pode ajudar pacientes com câncer de mama  a passar por esse momento complicado e vencer a doença? A seguir, explico o que a ciência já sabe sobre esse assunto.

Maconha: uma planta de múltiplos poderes

A maconha é uma planta que é cultivada e usada pelos seres humanos há pelo menos 5 mil anos. Nos últimos séculos, a cannabis acabou ficando no centro de polêmicas envolvendo a guerra às drogas, o que acabou colaborando para que a planta carregasse uma série de preconceitos – muitas vezes infundados.

endocannabinoid system
Endocannabinoid system

A cannabis é uma planta com mais de 400 componentes químicos ativos. Alguns desses componentes são específicos da maconha, os chamados canabinóides. Os canabinóides mais conhecidos são o CBD (Canabidiol) e o THC (Tetra-hidrocanabinol), mas existem diversos outros como o Canabinol (CBN) e o Canabigerol (CBG).

É importante ressaltar que a maioria dos componentes da cannabis não é psicoativa, isto é, não gera alterações de comportamento e nem deixa a pessoa “chapada”. Até mesmo o THC, o canabinóide mais psicoativo, possui diversas propriedades importantes que podem ser aproveitadas pela medicina quando dosado corretamente – o que elimina o seu efeito psicoativo.

Mas como todos esses componentes ativos da maconha agem no nosso organismo? A explicação está em um conjunto de receptores cerebrais que todos nós possuímos. A esse conjunto foi dado o nome de Sistema Endocanabinóide.

O Sistema Endocanabinóide possui os receptores CB1 e CB2 que entram em ação quando os canabinóides presentes na maconha são ingeridos, geralmente através do óleo full Spectrum. A seguir, você vai entender melhor esse processo.

Como o óleo de cannabis pode ajudar pacientes com câncer

Cada vez mais estudos vêm mostrando a eficácia do óleo de cannabis full Spectrum no tratamento de uma série de consequências do câncer de mama. Por exemplo, quando os receptores do Sistema Endocanabinóide são ativados, eles ajudam a controlar náuseas, vômitos e a sensação de mal estar – sintomas comuns do tratamento oncológico.

Por que temos receptores canabinóides e quais são eles?
Por que temos receptores canabinóides e quais são eles?

A base do nosso Sistema Endocanabinóide fica no cérebro, mas os receptores CB1 e CB2 estão espalhados pelo corpo. O receptor CB1, por exemplo, é o mais abundante no sistema nervoso, e é responsável por enviar comandos a regiões cerebrais. Já o receptor CB2 tem efeito no sistema imunológico, ossos e células adiposas.

Isso ajuda a explicar porque o óleo de cannabis possui propriedades analgésicas e anti-inflamatórias. Esse efeito ajuda a melhorar o quadro geral do paciente e sua qualidade de vida durante o tratamento de câncer de mama.

Além de tudo isso, o óleo de cannabis full Spectrum tem um papel importante em ajudar os pacientes a recuperar o apetite, que fica seriamente comprometido durante as sessões de quimioterapia.

O melhor de tudo é que o óleo de cannabis é um composto natural, que não interfere no tratamento quimioterápico e nem anula os efeitos dos medicamentos do tratamento. Portanto, o uso do óleo pode ser feito em paralelo ao tratamento.

Estudar a maconha e suas propriedades medicinais é algo recente, especialmente por causa de todo aquele preconceito e proibição que citei no início deste artigo. Somente agora, com a cannabis sendo foco de cada vez mais estudos, estamos entendendo melhor as muitas possibilidades de tratamento que a planta proporciona. Não é de se admirar, portanto, que a cada dia novas descobertas são feitas.

Sou otimista em relação a isso. Acredito que, apesar do estigma social, estamos avançando e ainda vamos avançar muito mais. Quem sabe até consigamos descobrir ainda mais propriedades da cannabis que podem ser úteis na luta contra o câncer

Onde encontrar o óleo de cannabis?

Muitos países do exterior comercializam o óleo de cannabis, mas a importação é cara e está longe da realidade da maioria dos pacientes brasileiros. Além disso, há toda uma burocracia para que a importação seja liberada. 

No Brasil, temos algumas associações de pacientes que produzem o óleo e distribuem para seus associados. A nível federal, o congresso está discutindo a estruturação de uma cadeia de produção de medicamentos à base de cannabis que envolve inclusive a distribuição via SUS. Mas o projeto em questão, de autoria do deputado Paulo Teixeira, ainda está longe de virar lei. Muitas discussões e articulações precisam ser feitas.

E lembre-se: prevenção é sempre o melhor remédio. Vá ao médico regularmente e faça sempre o autoexame de mama. Atitudes simples que podem fazer muita diferença.

Barbara Arranz

Biomédica, especilista em terapia canabinoide e psicodélica, habilitada em acupuntura e análises clínicas e pós graduada em cosmetologia e desenvolvimento de novos projetos pela Uniara, atualmente vivo em Madri. Mulher, mãe atípica, ativista, educadora e empreendedora.

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