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Covid-19, nada de cloroquina! Cannabis pode ser a resposta que a ciência busca

Covid-19, nada de cloroquina! Cannabis pode ser a resposta!

Mesmo que você não acompanhe os noticiários com frequência, certamente sabe que o assunto em voga nas últimas semanas é um só: a cloroquina. Contrariando estudos nacionais e internacionais que mostram que o medicamento em questão não tem efeitos positivos para o tratamento de pacientes com Covid-19, o ministério da saúde baixou normativa que instrui sobre o uso do remédio em pacientes com coronavírus.

Em contrapartida, enquanto estudos mostram que a cloroquina não apresenta resultados satisfatórios na luta contra o coronavírus, outros estudos focados em cannabis mostram que as propriedades da maconha podem sim ajudar pacientes diagnosticados com a Covid-19.

Mas por que o uso de um medicamento cuja ineficácia é cientificamente comprovada é incentivado pelo governo enquanto que os estudos aprofundados sobre a cannabis medicinal, que podem representar uma esperança real, não são encorajados? No artigo de hoje, tentarei me aprofundar um pouco mais nessa questão.

Cloroquina: o ouro dos tolos

Ouro dos tolos é uma expressão popular para designar um metal chamado dissulfeto de ferro. Ele tem aparência de ouro, peso de ouro e reluz como ouro… mas não passa de um metal sem valor. Quando paramos para analisar toda a propaganda exacerbada em cima da cloroquina como cura para o Coronavírus, não me vem outra coisa na mente que não esse paralelo. Reluz como ouro, mas não é ouro.

O que, afinal, é a cloroquina? Tanto a hidroxicloroquina quanto a cloroquina são medicamentos com basicamente a mesma composição-base, embora possuam alguns componentes diferentes. Já existem na indústria há um tempo considerável e são amplamente usados para tratar pacientes com doenças como lúpus e artrite reumatoide. A droga tem efeito imunomodulador, ou seja, fornece aumento da resposta imune contra determinados microrganismos. É justamente por isso que cogitou-se que ela pudesse oferecer ajuda no tratamento da Covid-19.

Muitos estudos começaram a ser feitos e, antes mesmo que os mais importantes chegassem a alguma conclusão, o presidente Bolsonaro iniciou ampla campanha (com viés mais político do que sanitário) apresentando a cloroquina como a salvação para curar as pessoas do vírus da Covid.

Como resultado, houve corrida às farmácias e muita gente começou a tomar o medicamento – que é controlado e pode gerar dezenas de efeitos colaterais. A situação chegou ao ponto de algumas autoridades pedirem para que as pessoas parassem de fazer isso, pois pacientes com lúpus e outras doenças que realmente precisam do uso regular da cloroquina estavam ficando sem o medicamento.  

Mas eis que os resultados de estudos no Brasil e em várias outras partes do mundo começaram a mostrar que nem a cloroquina e nem a hidroxicloroquina ofereciam bons resultados contra o coronavírus. Pior, muitos pacientes tinham seus quadros agravados por causa dos efeitos colaterais do medicamento.

Para citar apenas um estudo: a revista científica The Lancet publicou estudo recente feito com 96 mil pacientes de Covid que usaram a cloroquina. Tal estudo, o maior já feito sobre os efeitos da cloroquina, mostrou que a droga não ajudou no tratamento da Covid-19 e nem apresentou benefícios para o quadro clínico dos infectados. Na verdade, o que se observou foi um aumento do risco de complicações por doenças cardíacas, como arritmia e parada cardíaca. 

Todos os pacientes que participaram da pesquisa testaram positivo para Covid-19 e aceitaram fazer uso da cloroquina como tentativa de tratamento. Eles tinham as mais variadas idades e eram de vários lugares do globo. 

Mesmo com diversos estudos demonstrando a ineficácia da cloroquina, Bolsonaro insistiu no medicamento. Insistência essa que já custou a saída de dois ministros da saúde em plena pandemia e diversas advertências por parte de médicos e pesquisadores. 

Guarde as informações citadas acima. Vamos abrir um parênteses na discussão para falar de uma outra corrente de estudos científicos que também tem como objetivo encontrar alternativas seguras para o tratamento de pacientes com Covid-19. Dessa vez vamos falar de maconha.

Cannabis: uma esperança contra a Covid-19

Se por um lado a cloroquina vem sendo amplamente estudada e os resultados mostram que ela não é eficaz contra a Covid-19, por outro algumas pesquisas realizadas com a cannabis desenham um cenário bem mais animador. 

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Lethbidge, no Canadá, divulgou um estudo muito interessante que mostra que determinados princípios ativos da maconha podem inibir a entrada do coronavírus nas células do corpo humano. Liderados pelo professor Igor Kovalchuck, o grupo de cientistas estuda a cannabis como alternativa para o tratamento de determinados tipos de câncer e percebeu que os estudos poderiam ser conduzidos para analisar também as propriedades da cannabis contra o coronavírus. 

A cannabis possui mais de 500 componentes ativos, chamados canabinóides, muitos dos quais já vêm sendo amplamente estudados por pesquisadores em países como o Canadá. Segundo Kovalchuck, alguns desses componentes, especialmente o cannadibiol (CBD), reduziram significativamente a capacidade que o coronavírus têm de chegar nas células do tecido pulmonar e, desta maneira, causar complicações. O CBD possui alto poder anti-inflamatório e, em contato com o organismo humano, ativou receptores que reduziram o risco de infecção e ofereceram maior proteção contra o vírus da Covid.

Mais estudos precisam ser realizados, mas se eles realmente apontarem que a cannabis reduz as chances de complicações da Covid-19, talvez estejamos diante da maior descoberta científica relacionada ao tratamento do coronavírus até agora. Você pode ler mais sobre o estudo dos cientistas canadenses e acompanhar a evolução das pesquisas por lá através do site da universidade Lethbridge.

Não sabemos quanto tempo demorará até que tenhamos uma vacina eficaz que imunize o organismo humano contra a Covid-19. Justamente por isso, alternativas como a cannabis podem ajudar milhões de pessoas ao redor do mundo a enfrentarem o coronavírus com menos complicações.

Mas por que essa descoberta não é amplamente divulgada pelo governo brasileiro como a cloroquina (que se mostrou ineficiente) é? Digo mais, por que não há incentivo por parte do ministério da saúde para que cientistas brasileiros também conduzam pesquisas com a cannabis e possam, em breve, oferecer um tratamento barato e natural que ajudará milhares de infectados a não terem seus quadros agravados?

Quando questões políticas falam mais alto que saúde pública

Tanto a insistência do governo na cloroquina quanto a falta de incentivo à pesquisas relacionadas a cannabis medicinal estão ligadas a uma mesma questão: política. 

Para que o governo mostre serviço, ele precisa apresentar à população soluções para problemas que afetam a todos. A cloroquina é a solução encontrada pelo governo para fazer uma cortina de fumaça que esconda o fato de que, na realidade, ainda não temos nenhum tratamento realmente eficaz contra o coronavírus.

Por outro lado, a maconha vem sendo estigmatizada há mais de um século. Não é do interesse político do governo que, de uma hora para outra, a planta deixe o status de “ameaça mortal” e passe a ser encarada como uma possível esperança.

Mas é fato que, apesar da insistência do governo brasileiro – e de muitos outros governos de outros países – de relegar a cannabis a um papel marginal, cada vez mais pesquisadores ao redor do globo estão dispostos a quebrar paradigmas e mostrar que essa planta milenar tem muito a oferecer do ponto de vista científico. 

Eu sou uma dessas pesquisadoras. Desde a época de faculdade venho estudando a cannabis e, a cada nova descoberta, percebo o quanto essa planta pode ajudar milhões de pessoas que sofrem das mais diversas doenças como câncer e parkinson e outros distúrbios como autismo, depressão e insônia. É por isso que criei a Linha Canábica.

Além disso, estou sempre tentando trazer informação de um jeito fácil de entender, além de fomentar a discussão sobre assuntos polêmicos relacionados à cannabis que devem sim ser discutidos. Outro dia, por exemplo, expliquei a diferença entre Indústria farmacêutica e Indústria Canábica, se não leu dê uma olhada. 

Nós, estudiosos e defensores da cannabis medicinal, sabemos que décadas de preconceito não vão desaparecer de uma hora para outra. Somos realistas e o que buscamos é avançar um passo por vez. Os resultados das pesquisas com a cannabis na luta contra o coronavírus, embora preliminares, me enchem de esperança de que, dessa vez, possamos dar um passo maior. 

Se quiser se juntar a mim nessa luta, me siga nas redes sociais, conheça a Linha Canábica e fique de olho no que está acontecendo – no Brasil e no mundo – em relação aos estudos da cannabis. É com a ciência que vamos combater achismos.

Gostou do artigo? Fique de olho no blog da Linha Canábica da Bá! Não esqueça de conhecer a HempVegan, cosméticos naturais e veganos com efeitos terapêuticos.

Barbara Arranz

Biomédica, especilista em terapia canabinoide e psicodélica, habilitada em acupuntura e análises clínicas e pós graduada em cosmetologia e desenvolvimento de novos projetos pela Uniara, atualmente vivo em Madri. Mulher, mãe atípica, ativista, educadora e empreendedora.

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