Cannabis Medicinal e Doenças Falciformes (DF)

Cannabis Medicinal para Doenças Falciformes (DF)

Tanto o THC quanto o CBD apresentam potencial terapêutico no manejo da "dor falciforme" e na redução da dependência de analgésicos mais propensos a causar dependência. Os efeitos vasodilatadores do THC e do pineno podem contribuir para facilitar a respiração e melhorar o fluxo sanguíneo.

 O que são Doenças Falciformes (DF)

A Doenças Falciformes (DF) é uma condição genética com um padrão de herança autossômica recessiva, decorrente de uma anomalia na estrutura da cadeia beta da hemoglobina. Essa anomalia faz com que os glóbulos vermelhos adotem uma forma semelhante à lua minguante quando expostos a condições específicas, como febre elevada, baixa pressão de oxigênio e infecções, entre outras. As modificações genéticas (mutações) nessa proteína (hemoglobina) são transmitidas de uma geração para outra, seguindo um padrão hereditário.
Hemoglobinopatias podem resultar de mutações que impactam os genes reguladores, causando um desequilíbrio no conteúdo quantitativo das cadeias polipeptídicas e, consequentemente, nas variedades normais de hemoglobina, levando a condições como talassemias. Essas alterações também podem originar-se de modificações nos genes estruturais, gerando moléculas de hemoglobina com características bioquímicas distintas das hemoglobinas normais, denominadas hemoglobinas variantes.

O termo "doença falciforme" (DF) é utilizado para englobar hemoglobinopatias em que o fenótipo predominante é o da Hb S, mesmo quando associado a outra hemoglobina variante (Hb Var). Os tipos mais comuns de DF incluem Hb SS, Hb S-beta Talassemia e as duplas heterozigoses Hb SC e Hb SD. Essas variações decorrentes de heterozigoses compostas podem apresentar diversos quadros clínicos.

O paciente afetado manifesta diversas alterações clínicas, como:

• Anemia hemolítica.
• Crises vaso-oclusivas.
• Crises de dor.
• Insuficiência renal progressiva.
• Acidente vascular cerebral.
• Maior suscetibilidade a infecções e sequestro esplênico.

Cannabis Medicinal para Doenças Falciformes (DF), o que se sabe?

Os distúrbios falciformes compreendem um conjunto de condições sanguíneas que resultam em irregularidades nas células sanguíneas, sendo a anemia falciforme a condição mais prevalente. Esses distúrbios afetam principalmente indivíduos de ascendência subsaariana, onde cerca de 80% dos casos de anemia falciforme são registrados. Pessoas oriundas da Arábia e da Índia também enfrentam impactos, devido à alta incidência de malária nessas regiões. Há a suposição de que, historicamente, a forma falciforme das células sanguíneas contribuiu para diminuir as chances de desenvolver formas mais letais de malária. Contudo, estudos alternativos indicam que alguns indivíduos com anemia falciforme, na realidade, são mais propensos aos efeitos mortais da malária.

Tanto o THC quanto o CBD apresentam potencial terapêutico no manejo da "dor falciforme" e na redução da dependência de analgésicos mais propensos a causar dependência. Os efeitos vasodilatadores do THC e do pineno podem contribuir para facilitar a respiração e melhorar o fluxo sanguíneo. CBG, CBD e beta-cariofileno demonstram capacidade para tratar a inflamação, além de fornecerem efeitos antimicrobianos que podem auxiliar no tratamento de infecções associadas aos distúrbios falciformes.

Contudo, algumas pesquisas indicam um aumento nas hospitalizações devido a crises vaso-oclusivas em pacientes com distúrbios falciformes que fazem uso de cannabis. Aqueles que enfrentam outros problemas cardíacos e circulatórios também podem experimentar complicações adicionais decorrentes do uso de cannabis, especialmente quando fumada. Entretanto, os estudos nesse contexto são divergentes, alguns sugerindo efeitos positivos dos canabinoides em doenças cardíacas, enquanto outros apontam para efeitos negativos. No geral, a relação entre cannabis, coração e sistema circulatório é complexa.