Cannabis Medicinal para Fibrose Cardíaca
O impacto da cannabis e dos canabinóides na função cardíaca não é completamente compreendido, mas evidências indicam um efeito complexo, influenciado, em grande parte, pelos efeitos bifásicos da cannabis. Além disso, o método de administração desempenha um papel crucial. Notavelmente, o canabidiol (CBD) demonstrou capacidade de atenuar a "disfunção miocárdica, fibrose cardíaca, estresse oxidativo/nitrosativo, inflamação, morte celular e vias de sinalização inter-relacionadas"
A conexão entre o Sistema Endocanabinoide e as Doenças Cardiovasculares
Pesquisas indicam que os compostos químicos presentes na Cannabis têm a capacidade de resguardar o endotélio vascular contra condições como elevação do colesterol e aumento dos níveis de glicose. Os canabinoides, reconhecidos como vasodilatadores, também podem desempenhar um papel no controle da pressão arterial.
Os efeitos dos canabinoides se manifestam principalmente pela ativação dos Receptores Endocanabinoides CB1 e CB2, mas também abrangem outros receptores, como os adrenérgicos, acetilcolinérgicos, nicotínicos, dopaminérgicos e os receptores de potencial transitório vanilóide tipo 1 (TRPV1).
Uma análise bibliográfica destaca os benefícios dessa interação em diversos processos cardiovasculares, incluindo a promoção da vasodilatação, a proteção cardíaca, a modulação do reflexo barorreceptor no controle da pressão arterial sistólica, bem como a inibição da inflamação endotelial e o avanço da aterosclerose em modelos murinos.
Outra revisão bibliográfica enfatiza o papel proeminente do receptor CB2 nas doenças cardiovasculares, devido à sua atuação anti-inflamatória e imunomoduladora. Essa revisão engloba resultados de estudos pré-clínicos que investigaram como a sinalização dos receptores CB2 pode influenciar a fisiopatologia de doenças cardiovasculares, especialmente a aterosclerose e a isquemia.
CBD ou THC?
Evidências científicas respaldam diversas propriedades terapêuticas do canabidiol (CBD) e do tetra-hidrocanabinol (THC), os dois fitocanabinoides mais prevalentes na planta Cannabis, em uma variedade de condições clínicas. Contudo, é crucial destacar que, no contexto das doenças cardiovasculares, a utilização de extratos com predominância de THC pode acarretar riscos para determinados pacientes.
Em estudos relacionados ao uso recreativo da planta, foi comprovado em diversas pesquisas que os efeitos inotrópicos e cronotrópicos positivos do THC podem desencadear arritmias, incluindo taquicardia ventricular, aumentando o risco de infarto agudo do miocárdio e, potencialmente, resultar em morte súbita. Contudo, em um contexto de aplicação medicinal e com estratégias de prescrição assertivas, esses riscos são consideravelmente minimizados.