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Cannabis e meditação: uma combinação que dá certo

Não importa sua religião ou cultura, iniciar seu próprio ritual pode levá-lo por um caminho de iluminação e calma. Honre a cannabis e a meditação separadamente ou reúna-as para explorar os limites da consciência e transcender.

A cannabis é uma planta milenar. Não se sabe ao certo desde quando ela vem sendo usada pelo ser humano, mas estudiosos acreditam que ela é consumida há pelo menos 6 mil anos! Nativa da Ásia, a maconha representa uma estreita relação com a humanidade ao longo dos séculos, seja para uso recreativo, seja religioso.

Há registros de diversas religiões orientais milenares, do Hinduísmo até o Budismo, que fazem uso da planta em cerimônias religiosas. O motivo quase sempre é ajudar o corpo a mente a entrarem em sintonia para que uma compreensão elevada seja alcançada. 

Na história mais recente, outras religiões e movimentos (como o Rastafári) também usam a cannabis como um poderoso aliado para uma melhor compreensão humana. Inspiradas nesses rituais e movimentos de autodescoberta, muitas pessoas passaram a incluir a maconha em suas rotinas de meditação, autorreflexão e busca por desenvolver o potencial da mente.

Embora a origem desse movimento esteja nas religiões, especialmente nas orientais, há também um lado científico nesse processo. De fato, a cannabis tem propriedades que podem levar o corpo a um estado de relaxamento mais profundo – o que pode favorecer a meditação. Mas como se dá esse processo? Você vai entender melhor a seguir.

Por que meditar?

Meditar significa olhar para dentro. A prática de meditação busca, acima de tudo, autoconhecimento e a busca por uma compreensão melhor do que pensamos e sentimos.

Os benefícios da meditação para a vida das pessoas vêm sendo cada vez mais difundidos. Reservar pelo menos 20 minutos por dia para atingir um estado de elevação da mente pode trazer mudanças positivas para todos os campos da vida. 

Mas em um mundo com uma rotina cada vez mais atribulada, é mais fácil falar do que de fato fazer. Para muitas pessoas, “limpar a mente” é um processo demorado e que não é conseguido com facilidade. Especialistas sabem disso e aconselham: meditar requer perseverança, mas quando você incorpora a prática em sua rotina, dificilmente vai conseguir ficar sem.

Isso porque um dos principais pilares da meditação é esvaziar a mente. Ao contrário do que muitas pessoas acham, isso não significa não pensar em nada. Esvaziar a mente na realidade significa organizar e filtrar os pensamentos.

Esse processo leva consigo uma enxurrada de pensamentos negativos e também a sensação de “excesso de pensamentos”. Meditar pela manhã significa preparar a mente para lidar melhor com as tarefas do dia. Meditar no final do dia significa não carregar o peso dos problemas diários para a cama – e nem para o sono. Quem medita com frequência dorme melhor.

Além disso, meditação significa disciplina. As técnicas para meditar envolvem controle da respiração, organização de pensamentos e elevação da compreensão para que você lide melhor com eles. Envolvem ainda uma melhor postura corporal e uma nova perspectiva sobre mente e suas capacidades.

Como a cannabis é usada na meditação e quais os seus efeitos?

Se você ainda não é adepto da meditação, um bom conselho é buscar vídeos que ensinam técnicas básicas de postura e respiração. Não é difícil. Na realidade, estamos falando do popular “inspira, expira”. Outra dica fundamental é se atentar à postura e escolher um lugar calmo e com temperatura agradável para que o barulho e o clima não te desconcentrem.

Mas como a cannabis entra nessa história? Do ponto de vista da meditação, a planta pode ter duas funções principais: ajudar pessoas com dificuldade para meditar a encontrar mais rapidamente seu ritmo de meditação e ajudar pessoas que já meditam a alcançar um outro estado durante o processo.

Para a meditação, a cannabis é ingerida por meio do fumo – assim como acontece durante cerimônias religiosas. Não estamos falando de grandes quantidades, até porque o propósito da planta nesse contexto é ajudar a pessoa a alcançar um estado mental elevado. Considere a maconha como um bilhete de viagem que vai te ajudar a chegar a seu destino.

A maneira como a planta é consumida (por meio do fumo) é importante e isso tem explicação biológica: nossas amígdalas e toda a região da garganta são repletas de receptores que reagem diretamente aos componentes da cannabis (chamados de canabinóides). Essa região é responsável por nossa coordenação, funções endócrinas, pela percepção sensorial e também por enviar o cérebro comandos que controlam a ansiedade. 

Quando meditamos e também quando tragamos a erva, alteramos a maneira como neurotransmissores como dopamina, serotonina e norepinefrina estimulam nosso cérebro e nosso corpo.

A descoberta de receptores sensíveis à cannabis foi feita no começo dos anos 90. Na época, os cientistas perceberam que nosso cérebro e nosso corpo possuem um par de receptores – CB1 e CB2 – que reagem aos canabinóides. A esses receptores foi dado o nome de Sistema Endocanabinóide.

Há um fato curioso que merece ser mencionado: nosso cérebro produz uma molécula muito especial chamada anandamida, que está presente na região das amígdalas. Considerada um canabinóide natural do corpo, a anandamida produz uma sensação semelhante a consumir cannabis. 

Quando respiramos profundamente e de maneira ritmada, ativamos a anandamida e somos levados a um efeito de relaxamento semelhante ao proporcionado por outros canabinóides da maconha. Isso acontece porque ativamos justamente a parte do cérebro responsável por controlar nossa ansiedade.

A raiz da palavra anandamida vem de ananda, o nome de um dos discípulos de Buda e a palavra hindu (sânscrita) para ‘felicidade suprema’ ou ‘êxtase’. É conhecida como a molécula da felicidade.

Quando fumamos cannabis, também estamos estimulando os receptores a produzir anandamida. É interessante analisar como essas duas práticas – respiração para a meditação e uso da cannabis – têm mais em comum do que você imagina tanto do ponto de vista do relaxamento quanto das reações químicas do corpo.

A técnica do foco

Uma das técnicas mais praticadas por quem usa a cannabis durante a meditação é a técnica do foco. Ela é bem simples e diz que a pessoa deve fumar a maconha, sentar em posição de meditação e focar em um objeto fixo. O mais usado nesses casos é uma vela acesa, mas também é comum que se use uma mandala ou até mesmo um copo de água.

Escolha um local silencioso e use uma almofada ou algo confortável para se sentar. Posicione o objeto de frente para você – de preferência na altura dos seus olhos. Foque-se em observar os detalhes do objeto: suas formas, cores, a maneira como ele reage ao ambiente (daí o motivo de muitas pessoas usarem a vela). 

Não force o olhar. O foco virá naturalmente à medida que você relaxa. Não esqueça de respirar adequadamente. Conforme o tempo passa, você vai percebendo seu corpo cada vez mais relaxado e a mente cada vez mais limpa. 

A técnica do foco também pode ser feita sem o uso da cannabis. Ela é um bom exercício para ajudar pessoas a ajustarem seu foco e sua mente. Com o tempo, a tendência é que a pessoa consiga atingir um estado de meditação sem a necessidade de um objeto para focar. 

Quanto mais você medita, mais fácil tende a ficar o processo. Não se preocupe se no começo você achar que não está conseguindo fazer direito. A busca pelo equilíbrio interior e pelo autoconhecimento são constantes, mas como o tempo vai ficando mais fácil.

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Barbara Arranz

Biomédica, especilista em terapia canabinoide e psicodélica, habilitada em acupuntura e análises clínicas e pós graduada em cosmetologia e desenvolvimento de novos projetos pela Uniara, atualmente vivo em Madri. Mulher, mãe atípica, ativista, educadora e empreendedora.

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