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Saúde Ocular: Relação da maconha com o tratamento de doenças da visão?

Saúde Ocular: Relação da maconha com o tratamento de doenças da visão?

Dia 10 de julho é lembrado como o Dia Mundial da Saúde Ocular. A data foi escolhida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para trazer o tema ao centro das discussões e alertar sobre a importância do cuidado constante com a visão.

Dados do censo realizado pelo IBGE apontam que cerca de 35 milhões de brasileiros possuem algum problema na visão. Desse total, 1,5 milhão de pessoas estão cegas e os demais apresentam baixa visão e deficiências visuais em maior ou menor grau.

Assim como acontece com muitas outras enfermidades, as consequências das doenças oculares poderiam ser mais brandas ou até mesmo evitadas em muitos dos casos se o diagnóstico fosse feito com antecedência.

O costume de deixar para ir ao oftalmologista apenas quando os problemas começam a incomodar está entre as maiores dificuldades que o Brasil enfrenta para diminuir os casos de cegueira e deficiência visual em sua população. Uma pesquisa realizada pelo Ibope e divulgada em 2019 apontou que 34% dos brasileiros nunca foram ao oftalmologista.

O acesso deficitário da população mais pobre a médicos especialistas, exames e a tratamentos (inclusive os óculos) também pesa na conta. Ainda de acordo com o Ibope, entre as classes mais pobres (D e E), a porcentagem de brasileiros que nunca foi a um oftalmologista é ainda mais expressiva e chega a 44%.

Quais são as doenças oculares mais comuns no Brasil? A cannabis pode ajudar pacientes a cuidar da saúde ocular? Descubra as respostas a seguir!

Quais as doenças oculares mais comuns no Brasil?

De acordo com o Ministério da Saúde, as doenças oculares mais comuns no Brasil podem ser classificadas em dois grupos: aquelas que levam à deficiência visual e aquelas que podem levar à cegueira.

As doenças oculares que levam à deficiência visual geralmente são tratadas com o uso de óculos ou pequenas cirurgias de correção. São elas:

  • Miopia: caracterizada pela dificuldade para enxergar de longe;
  • Hipermetropia: dificuldade para enxergar objetos próximos;
  • Astigmatismo: causado por uma deformação na córnea e pode levar à distorção de imagens sob determinado ângulo;
  • Presbiopia (vista cansada): caracterizada pela perda progressiva da visão para perto e é mais comum em pessoas acima dos 40 anos.

Já as doenças oculares que podem levar à deficiência visual total (cegueira de um ou dois olhos), são mais complexas e exigem acompanhamento constante, uso de medicamentos e, em alguns casos, cirurgia. São elas:

  • Catarata: é a opacificação do olho, causando alteração de cor da pupila, podendo variar entre o cinza e o branco. De acordo com a OMS, 60% dos casos de cegueira no mundo são causados pela catarata, por isso é de suma importância o diagnóstico e o tratamento precoces;
  • Glaucoma: é o aumento da pressão intraocular. A OMS estima que 15% dos casos de cegueira no mundo são devido a essa doença;
  • Tracoma: é um tipo de conjuntivite mais grave e que pode levar à cegueira. A OMS calcula que 15% dos casos de cegueira ao redor do globo são causadas por essa doença; 
  • Conjuntivite aguda bacteriana: é uma doença contagiosa porém facilmente tratada. Causa vermelhidão, secreção aquosa, mucosa ou purulenta por alguns dias;
  • Conjuntivite aguda viral: causa vermelhidão, lacrimejamento e pouca ou nenhuma secreção. Demora mais para ser curada do que a bacteriana e, às vezes, pode ocorrer hemorragia.

Além dos problemas de saúde ocular relatados acima, a OMS calcula que os outros 10% dos casos de cegueira no mundo estão relacionados ao envelhecimento e a perda progressiva da visão devido a idade.

📍 É de suma importância que as pessoas saudáveis se consultem com um oftalmologista ao menos uma vez ao ano. No caso de pessoas que já possuem histórico de doença ocular, o acompanhamento precisa ser ainda mais frequente e será determinado pelo médico. 

Leia também: Cannabis e Sistema Imunológico: o que se sabe sobre uso da maconha para fortalecer as defesas do organismo

Como a cannabis pode ajudar a cuidar da saúde ocular?

Um dos maiores focos de estudo da relação entre cannabis e doenças oculares está no tratamento do glaucoma.

Um estudo intitulado Canabinóides: um novo tratamento para o glaucoma, publicado em 2014, mostrou que a cannabis apresenta eficácia no tratamento do glaucoma. Para o estudo, foram aplicadas gotas da solução à base de canabinóides diretamente no olho de ratos.

Após o tratamento, a pressão intraocular foi significativamente reduzida para 11 ± 0,9 mmHg após 60 min e para 12 ± 1,1 mmHg após 120 min em comparação com a linha de base de 14 ± 0,6 mmHg (p <0,03, n = 6). 

Entusiasmados, os pesquisadores concluíram:

“Os canabinóides aplicados topicamente são agentes eficazes que reduzem a pressão intraocular e conferem neuroproteção e são os principais candidatos para o tratamento potencial do glaucoma”.

Em artigo intitulado “Uso de maconha e qualidade de visão autorrelatada”, publicado em 2017 na Optometry and Vision Science, pesquisadores entrevistaram milhares de jovens entre usuários e não usuários de maconha para analisar se a cannabis causa algum tipo de deficiência visual.

Os resultados mostraram que não é possível estabelecer nenhum tipo de relação entre o uso da planta e a perda da visão e que as crenças de que a maconha possa estar associada a problemas oculares não encontram embasamento científico. Os pesquisadores concluíram:

“Os resultados deste estudo não mostraram nenhuma diferença significativa nas chances de relatar uma baixa visão entre usuários de maconha frequente em comparação com usuários leves ou não usuários”.

Os pesquisadores acreditam ser importante fazer esse tipo de levantamento, até mesmo para encorajar mais estudos sobre o uso da maconha para tratar doenças oculares. Afinal de contas, quanto mais a ciência conhecer sobre os canabinóides, mais fácil ficará desenvolver medicamentos que ajudem a tratar não só o glaucoma, mas uma série de outras doenças. 

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Barbara Arranz

Biomédica, especilista em terapia canabinoide e psicodélica, habilitada em acupuntura e análises clínicas e pós graduada em cosmetologia e desenvolvimento de novos projetos pela Uniara, atualmente vivo em Madri. Mulher, mãe atípica, ativista, educadora e empreendedora.

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