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Maconha é retirada da lista mundial de drogas perigosas após recomendação da OMS

Usuários de cannabis para fins medicinais ou até mesmo recreativos sabem quanto preconceito ainda precisam enfrentar por causa da planta. Após décadas de proibição e perseguição por parte da maioria dos governos, a maconha ganha agora um importante novo capítulo: foi reclassificada na lista de drogas da ONU à partir de uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Agora, a maconha e seus derivados figuram na Lista 1 da Convenção sobre Drogas, que inclui entorpecentes como a morfina. Nessa lista estão substâncias que a OMS também recomenda controle, mas que têm potencial medicinal e menor chance de causar danos.

Foram 27 votos a favor da retirada da maconha da lista e 25 votos contra. O Brasil votou contra. Com a decisão, a maconha deixa a Lista 4 da Convenção sobre Drogas de 1961, que inclui substâncias consideradas “particularmente suscetíveis a abusos e à produção de efeitos danosos e sem capacidade de produzir vantagens terapêuticas”, como a heroína.

Na prática, isso significa que a maconha finalmente deixará de ser tratada como um perigo para a saúde pública – e isso a nível mundial! Pode parecer algo simples, mas quem usa, estuda ou trabalha com a cannabis sabe o valor que esse passo tem.

A lista de Drogas da ONU e a relação com a OMS

Em linhas gerais, a OMS considera como droga qualquer substância que interfira no organismo do ser humano. Isso engloba desde medicamentos que você adquire na farmácia até drogas sintéticas. Olhando sob esse aspecto, a cannabis também se enquadra como uma “droga”.

A grande questão é para a OMS, até pouco tempo atrás, a cannabis estava no mesmo grupo de drogas que causavam perigo à saúde pública – o que inclui LSD, cocaína, heroína e outros entorpecentes de poder destruidor. Como você provavelmente já sabe, isso não faz o menor sentido. 

Para que você entenda melhor como funciona essa classificação sobre drogas, vou explicar a hierarquia que envolve a redação e a atualização dessa tal lista de drogas.

O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ONU) possui uma comissão global designada especificamente para analisar e divulgar periodicamente uma lista com o que é considerado droga e o que não é. Esa lista começou a ser elaborada em 1961, como fruto da Convenção Única sobre Entorpecentes e é gerida desde então pela Comissão de Drogas e Narcóticos da ONU.

A OMS, por sua vez, é o braço da ONU responsável por fazer as recomendações de atualização da lista à Comissão, que vota se tais recomendações e atualizações serão ou não validadas.

Há alguns meses, a OMS enviou para a Comissão da ONU uma recomendação para retirar a maconha da lista de drogas que representam perigo à saúde pública e colocá-la em uma lista de substâncias de uso medicinal de menor poder danoso. Ela fez isso porque avaliou diversos estudos que mostraram que a cannabis não faz mal ao organismo e não causa dependência. 

Após meses de debates, a Comissão de Drogas e Narcóticos finalmente votou a favor da recomendação da OMS e a cannabis pôde, enfim, ser retirada da lista de drogas nível 4. 

É importante ressaltar que, apesar do tabu e do preconceito, a cannabis é estudada há décadas e já se tem um volume considerável de produção científica ressaltando que a planta não faz mal ao organismo humano. Na verdade, ela pode até trazer diversos benefícios pois atua ajudando o corpo a lidar com uma série de enfermidades que vão desde a epilepsia até o tratamento do câncer. 

A importância da recomendação da OMS

A iniciativa da OMS e a aprovação por parte da Comissão da ONU podem abrir caminho para que diversos países revejam suas leis de proibição à cannabis. Esse é um enorme passo rumo à descriminalização e até a legalização da cannabis – para fins medicinais e também recreativos. 

Além disso, a decisão abre caminho para o incentivo a pesquisa. Já se sabe que a cannabis é muito poderosa, mas o preconceito ainda impede um volume maior de pesquisas para que todos os componentes da planta sejam profundamente analisados.

Por fim, espera-se que a retirada da cannabis da lista de drogas ajude a promover uma mudança – ainda que lenta – na cabeça das pessoas. Milhões de pessoas no Brasil e no mundo poderiam ter uma qualidade de vida melhor caso se permitissem conhecer de verdade o que é a cannabis e como ela pode ajudar. 

Para nós ativistas, saber que finalmente a nossa luta está surtindo efeitos positivos a nível global tem um valor inestimável. A minha luta, assim como a de milhares de outros ativistas, é para mostrar que fornecer acesso a cannabis medicinal significa fornecer acesso à saúde. E saúde é um direito fundamental.

O Brasil nessa discussão

O Brasil fez parte do grupo de países que votaram para manter a maconha na lista 4, ou seja, de drogas perigosas. Juntou-se ao país outras nações como China, Cuba e Rússia.

Do outro lado, fazem parte das 27 nações que votaram pela reclassificação da cannabis países como Alemanha, Canadá, Colômbia, Equador, Estados Unidos, México e Uruguai.

Ao explicar porque votou contra a reclassificação da cannabis como substância pouco perigosa, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, disse:

“O Brasil reafirmou nessa reunião do comitê de entorpecentes da ONU que a posição brasileira é coerente com a maioria dos países do mundo no sentido de não fazer nenhuma flexibilização para a plantação ou o uso da maconha fora da utilização do canabidiol, fora dos componentes médicos e doenças onde há flexibilidade para o uso desse produto e há uma ação efetiva desse produto”.

O ministro complementou: “Qualquer afrouxamento no controle desse tipo de substância [cannabis], ele vai, obviamente, piorar o quadro de uso recreativo desse tipo de produto e que terá consequências devastadoras para toda a sociedade brasileira”.

A fala do ministro soa estarrecedora, especialmente para nós ativistas e pesquisadores que estudamos a cannabis e lidamos com a planta diariamente. Na verdade, argumentar que o reconhecimento do poder medicinal da cannabis e a reclassificação da planta como uma substância pouco nociva terão “consequências devastadoras para toda a sociedade brasileira” vai contra tudo o que já se estudou e o que vem sendo publicado sobre os benefícios medicinais, terapêuticos – e  até econômicos – da cannabis.

Apesar da posição brasileira e de alguns outros países que vão contra o que já se descobriu sobre cannabis, a votação na OMS obteve maioria para reclassificar a planta na lista de drogas. Uma decisão histórica!

Como a cannabis funciona

Muitas pessoas só conhecem a cannabis pelo seu efeito psicoativo. A verdade é que a substância que dá esse “barato”, o THC (Tetraidrocanabinol) é apenas uma dentre as mais de 500 que compõem a planta. 

Apesar do preconceito e das proibições, a cannabis vem sendo estudada desde meados do século passado. Uma das descobertas mais revolucionárias sobre a planta foi feita no final dos anos 80, quando cientistas descobriram o Sistema Endocanabinóide, um conjunto de receptores cerebrais presente em todos os seres humanos – CB1 e CB2.

Por que temos receptores canabinóides e quais são eles?
Por que temos receptores canabinóides e quais são eles?

Ao entrar em contato com os componentes da cannabis, esse sistema de receptores começa a trabalhar e envia comandos cerebrais que podem atuar em diversas áreas do corpo. É por isso que a cannabis medicinal pode ser usada tanto para tratar insônia e dores musculares quanto questões mais sérias como epilepsia, desdobramentos do Autismo e até câncer. 

Sou defensora do uso do óleo full Spectrum pois acredito que a maconha é mais poderosa quando usamos todos os componentes da planta. O que vai determinar o poder da cannabis no tratamento de doenças é a dosagem que é ingerida, por isso o óleo é produzido em diferentes concentrações. 

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Barbara Arranz

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