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Novo código antidoping prevê punição mais branda para uso de maconha

Novo código antidoping prevê punição mais branda para uso de maconha

Mudança no Código Disciplinar da Agência Mundial Antidoping ainda não libera completamente a maconha, mas já tira da planta um grande estigma. Para atletas usuários de cannabis, medida representa um avanço importante.

No final de 2019, a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) divulgou seu novo código antidoping. O manual, que tem caráter disciplinar e validade para competições de nível global, prevê abrandamento das punições para atletas que fazem uso de maconha.

Previsto para começar a valer agora em janeiro de 2021, o código disciplinar antidoping da Wada aplicará apenas advertência em atletas cujos exames detectarem presença de maconha. Mas para que isso possa acontecer, eles precisarão provar que fizeram uso da substância para fins recreativos e não para obter maior performance física.

A seguir, você vai entender mais detalhes sobre esse passo importante na mudança como a Agência Mundial Antidoping encara a maconha e seus efeitos em atletas profissionais.

Novo código prevê apenas punição para uso de maconha

Até então considerada uma droga que poderia chegar a acarretar o impedimento do atleta de participar de eventos esportivos oficiais, a maconha parece estar recebendo olhares mais brandos de comitês e ligas ao redor do mundo.

Recentemente, a NBA, a liga oficial de basquete americana, anunciou punições mais leves para atletas usuários de maconha. Foi uma grande conquista da comunidade, cuja luta pelo abrandamento do código disciplinar envolvendo a maconha é antiga.

Outro recente marco global em prol da cannabis foi a retirada da maconha da lista mundial de drogas, após uma recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Agora é a vez da Wada, Agência Mundial Antidoping, de fazer uma sinalização em prol da maconha. A mudança foi definida durante um simpósio mundial da entidade. O evento foi realizado entre os dias 5 e 8 de novembro de 2019 na cidade de Katowice, Polônia. 

Fernando Solera, coordenador da Comissão Médica e de Combate à Dopagem da CBF, representou o Brasil no simpósio e confirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que assinou o documento, sendo favorável à decisão.

Apesar de ter assinado o documento, Solera se disse contrário à mudança e alegou que assinou o documento porque a maioria dos países também assinou.

“O código mundial não depende da minha vontade […] Já está definido e todos assinamos o acordo. Não concordei em mudar a legislação, mas assinei”, disse em entrevista ao Estadão.

A mudança a qual Solera se refere é grande. Uma vez mudadas as regras na Agência Mundial Antidoping, espera-se um movimento global de readequação. Isso significa que, gradativamente, todos os comitês nacionais antidoping devem rever suas punições em relação ao uso da cannabis por atletas profissionais.

O que muda no novo código?

Antes das mudanças trazidas pela Wada, atletas que fossem pegos no exame antidoping por uso de maconha ou outras drogas recreativas eram impedidos de participar de competições oficiais por até 4 anos!

De acordo com as novas regras que passam a vigorar agora em 2021, os atletas que forem pegos fazendo uso das chamadas drogas recreativas, poderão receber advertências e punições mais brandas, de até três meses. Mas isso depende de um fator muito importante: a intenção.

👉 Se o atleta fez uso de drogas com a intenção de melhorar sua performance, ele não receberá abrandamento. Porém, se ele fez uso de substâncias recreativas sem intenção de beneficiar sua performance, poderá ser amparado pelas novas regras.

Quem definirá a intenção do atleta? Um comitê especializado, que julgará o histórico do atleta, os exames realizados e outros fatores que considerar necessários antes de dar o veredito.

Além da maconha, cocaína, heroína e ecstasy também se enquadram no código antidoping da Wada.

Novo código antidoping brasileiro está em construção

Quando o Código Mundial da Agência Mundial Antidoping é revisto, há um movimento global de atualização dos códigos nacionais. No Brasil, esse movimento já começou e espera-se que aplique regras semelhantes às aprovadas pela Wada.

Em julho de 2020 a ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), abriu consulta pública para que membros da comunidade esportiva pudessem opinar sobre a revisão do código nacional antidopagem. Na época, todos puderam fazer contribuições de ideias e opiniões.

O formulário já foi encerrado e a ABCD trabalha agora na revisão do código. A expectativa é que ele entre em vigor ainda em 2021. Esperamos que ele siga a tendência global de mudar a maneira como a maconha é encarada.

Sabemos que ainda é cedo para sonhar com uma liberação total da maconha  e com o uso da planta para ajudar atletas a se tratarem de lesões. Mas cada passo dado em direção a uma visão mais branda da cannabis deve ser divulgado e comemorado. Aos poucos, vamos construindo um futuro onde a cannabis é aceita e seu poder é devidamente explorado.

E se você quer saber mais sobre cannabis medicinal, te convido a ler Como a regularização da cannabis medicinal pode ajudar pacientes com câncer.

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Barbara Arranz

Biomédica, especilista em terapia canabinoide e psicodélica, habilitada em acupuntura e análises clínicas e pós graduada em cosmetologia e desenvolvimento de novos projetos pela Uniara, atualmente vivo em Madri. Mulher, mãe atípica, ativista, educadora e empreendedora.

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