Search toggle

Cannabis e diabetes: como a maconha pode ajudar os pacientes?

Cannabis e diabetes: como a maconha pode ajudar os pacientes?

O diabetes é uma das doenças mais comuns do Brasil e do mundo. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o IBGE, 9 milhões de brasileiros estão com diabetes. Em outro levantamento, desta vez realizado pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), estima-se que mais de 13 milhões de pessoas tenham diabetes no Brasil.

 

De acordo com a consultoria Statista, o Brasil é o quinto país com mais casos de diabetes no mundo, atrás da China, Índia, Estados Unidos e Paquistão.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 422 milhões de adultos ao redor do mundo estão com diabetes, muitos deles nem sabem que portam a doença. As projeções apontam que o número de casos deve disparar nos próximos anos e parte disso se deve aos maus hábitos de alimentação.

Mas como a cannabis pode ajudar quem sofre de diabetes a manter a doença controlada? Entenda a seguir o que a ciência já sabe sobre o assunto, mas antes saiba detalhes sobre o que é o diabetes, quais os sintomas e as causas dessa doença.

O que é diabetes?

O diabetes é uma doença crônica que está diretamente relacionada a quantidade de insulina produzida pelo corpo e o correto funcionamento dessa substância. A insulina, por sua vez, é um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue.

Já a glicose nada mais é do que o açúcar que extraímos dos alimentos que ingerimos. Existe açúcar em todos os alimentos que comemos e isso não é algo ruim. No entanto, o açúcar refinado que ingerimos é muito mais danoso do que a glicose natural presente nos alimentos. É por isso que quem tem diabetes deve controlar com atenção o uso de açúcar refinado nos alimentos que consome.

Tanto a insulina quanto a glicose são essenciais para o bom funcionamento do organismo. Quando o paciente é diagnosticado com diabetes, ele precisa repor a insulina que seu corpo não produz.

🍁 Leia também: Cannabis e Depressão: Como a maconha pode ajudar no tratamento?

Quais são os principais tipos de diabetes?

Existem quatro principais tipos de diabetes: diabetes tipo 1, diabetes tipo 2, pré-diabetes e diabetes gestacional. 

Diabetes tipo 1: é a manifestação mais rara da doença e surge desde o nascimento, sendo considerada uma doença autoimune. Nesse quadro, o sistema imunológico confunde as células do pâncreas que produzem insulina com inimigos e começa a atacá-las. Nesse processo, a insulina para de ser produzida, causando o acúmulo de glicose no sangue. 

Diabetes tipo 2: é o tipo mais comum da doença. A grande causa do diabetes tipo 2 é a má alimentação e o consumo excessivo de açúcar – o que acaba desregulando a produção de insulina ou fazendo com que a quantidade de hormônio produzido pelo corpo não seja suficiente para sintetizar aquele monte de glicose, causando acúmulo no sangue. Outra causa comum do diabetes tipo 2 é o corpo passar a criar resistência à insulina, fazendo com que a substância produzida não consiga realizar seu trabalho.

Pré-diabetes: é o diagnóstico que apresenta níveis de atenção em relação ao açúcar no sangue, mas ainda não a ponto de ser considerado diabetes. Quando o paciente é diagnosticado com pré-diabetes e muda seus hábitos, tem grandes chances de não desenvolver a doença.

Diabetes gestacional: é um quadro de diabetes temporário que acontece durante a gravidez. Nesse período, pode ser que o corpo da mulher (especialmente a placenta) produza hormônios que acabem afetando a produção de insulina no corpo, levando a um quadro de diabetes. A doença tende a sumir quando a mulher dá à luz, mas há casos onde a paciente acaba desenvolvendo diabetes após a gestação. Transmitir o diabetes ao feto é raro, mas também possível.

🍁 Leia também: Usuários de maconha podem doar sangue?

Sintomas e causas do diabetes

Os sintomas do diabetes são basicamente os mesmos em todos os casos, sendo eles:

  • Sede exagerada e boca seca
  • Vontade de urinar o tempo todo
  • Aumento da fome
  • Fadiga
  • Alterações na visão (como visão embaçada)
  • Infecções na bexiga, nos rins e/ou na pele

No caso do diabetes tipo 1, é comum que os pacientes enfrentem dificuldade para ganhar peso. Ao notar os sintomas acima, os pais devem levar a criança ou adolescente ao médico para que sejam feitos exames de sangue.

As principais causas do diabetes são:

  • Má alimentação e consumo excessivo de açúcar
  • Obesidade
  • Sedentarismo
  • Predisposição genética
  • Idade (pessoas acima de 40 anos têm muito mais chances de desenvolver a doença)

Para realizar o diagnóstico do diabetes, é feito um exame de sangue. Uma das análises mais comuns feitas a partir do sangue coletado é o Teste da glicemia de jejum, que analisa a quantidade de glicose no sangue. Em geral, os resultados são avaliados assim:

  • Normal: inferior a 99 mg/dL;
  • Pré-diabetes: entre 100 a 125 mg/dL;
  • Diabetes: acima de 126 mg/dL.

É importante realizar exames de sangue rotineiramente para avaliar esse e outros níveis. Caso o paciente seja diagnosticado com pré-diabtes, ele tem a chance de realizar mudanças nos hábitos alimentares e de vida e, dessa maneira, ter menos chances do quadro evoluir para diabetes.

📌 O tratamento do diabetes é feito com uma mudança na alimentação e no estilo de vida, além de medicamentos chamados antidiabéticos. Em pacientes do tipo 1 e em casos mais graves do tipo 2, é necessário ainda o uso de insulina injetável, para repor o hormônio que o corpo não está produzindo.

Cannabis e diabetes: o que diz a ciência?

Pacientes com diabetes do tipo 1 precisarão da insulina injetável pelo resto da vida, porque seu organismo não produz (ou produz pouco) esse hormônio essencial para controlar a glicose no sangue. Neste sentido, não há muito o que a cannabis possa fazer além de ser um complemento para fortalecer o sistema imunológico do paciente e melhorar o seu quadro de saúde como um todo.

Já para pacientes com diabetes tipo 2, que representam cerca de 90% dos casos, a cannabis pode trazer uma série de benefícios que visam ajudar a melhorar o quadro do paciente.

O estudo “O impacto do uso de maconha na glicose, insulina e resistência à insulina entre adultos nos EUA” comparou exames de sangue de 4657 adultos americanos, entre usuários e não usuários de cannabis medicinal. Os resultados mostraram que nos adultos que consumiam maconha, “os níveis de insulina em jejum eram mais baixos e pareciam ser menos resistentes à insulina produzida por seu corpo para manter um nível normal de açúcar no sangue”.

A pesquisa “Obesidade e uso de cannabis: resultados de 2 pesquisas nacionais representativas” mostrou que os índices de obesidade entre usuários de cannabis são consideravelmente mais baixos do que entre aqueles que não usam a planta. Conforme apontado acima, a obesidade é um dos principais fatores que levam ao desenvolvimento do diabetes. 

Em outra evidência científica interessante, pesquisadores publicaram um artigo em 2016 que apontou que os canabinóides THCV (Tetrahydrocannabivarin) e o CBD (canabidiol) diminuíram os níveis de glicose no sangue e aumentaram a produção de insulina em pessoas com diabetes tipo 2.

O estudo intitulado “Eficácia e segurança de canabidiol e tetrahidrocanabivarina em parâmetros glicêmicos e lipídicos em pacientes com diabetes tipo 2” foi publicado na American Diabetes Association. Os pesquisadores concluíram:

“Em comparação com o placebo, o THCV diminuiu significativamente a glicose plasmática em jejum (diferença de tratamento estimada [ETD] = -1,2 mmol / L; P <0,05) e melhorou a função das células β pancreáticas (função das células β HOMA2 [ETD = −44,51 pontos; P < 0,01]), adiponectina (ETD = −5,9 × 106 pg / mL; P <0,01) e apolipoproteína A (ETD = −6,02 μmol / L; P <0,05), embora o HDL plasmático não tenha sido afetado. Em comparação com a linha de base (mas não com placebo), o CBD diminuiu a resistina (−898 pg / ml; P <0,05) e aumentou o peptídeo insulinotrópico dependente de glicose (21,9 pg / ml; P <0,05)”.

O segredo do uso da maconha no tratamento do diabetes parece estar mesmo nos canabinóides e como eles agem no organismo, especialmente na produção e regulação de insulina. Muitos outros estudos precisam ser realizados para que cheguemos aos próximos passos, como desenvolver um medicamento natural à base de canabinóides que possa ajudar pacientes com diabetes tipo 2 a controlar a doença sem precisar de outros fármacos. 


Aqui na Linha Canabica, acreditamos que todos os canabinóides têm propriedades únicas que podem ser usadas separadamente ou em conjunto para ajudar a tratar condições médicas. Se você estiver interessado em aprender mais sobre Cannabis, entre em contato com um profissional da saúde da Linha Canabica hoje mesmo. 

Barbara Arranz

Biomédica, especilista em terapia canabinoide e psicodélica, habilitada em acupuntura e análises clínicas e pós graduada em cosmetologia e desenvolvimento de novos projetos pela Uniara, atualmente vivo em Madri. Mulher, mãe atípica, ativista, educadora e empreendedora.

Related posts

Search Junho vermelho: usuários de cannabis podem fazer doação de sangue?
Você sabe o que é pobreza menstrual? Search