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Por que a maconha medicinal pode ser um substituto dos tarja preta?

Por que a maconha medicinal pode ser um substituto dos tarja preta?

Por que a disseminação do uso de opioides é um problema global e como a cannabis pode mudar esse cenário

Há alguns anos, falar nos chamados “medicamentos de tarja preta” causava pânico na maioria das pessoas. A noção coletiva de que opioides de uso controlado são medicamentos fortes e que podem causar diversos efeitos colaterais era bastante difundida na sociedade. 

Mas o que eu – e muitos pesquisadores mundo afora – estamos notando é que, cada vez mais, há uma popularização (e até uma certa glamourização) no uso de medicamentos fortíssimos. “Está muito nervoso? Toma um Rivotril!”, dizem. Popularizar e facilitar o acesso a fármacos fortes é um grande problema que pode trazer enormes consequências para a saúde pública.

A seguir, falarei um pouco sobre o uso de opioides no Brasil e no mundo, porque isso está se tornando um problema cada vez maior e como a cannabis pode representar uma alternativa melhor para muitos pacientes.

A febre do uso de opioides no mundo

Não se sabe exatamente quando o ópio foi descoberto, mas há relatos sobre a substância em escritas sumérias que datam de 6 mil anos. O ópio é extraído a partir do suco e do látex de uma planta chamada papoula e, quando misturado a outros químicos, pode dar origem a medicamentos de função narcótica, analgésica e até hipnótica. 

Ao longo da história, diversos relatos sobre ondas de vício em opioides foram registrados. O mais emblemático talvez seja a onda de viciados na China, no século XIX, que causou a dependência de milhões de chineses e levou a uma crise nacional sem precedentes.

Mais recentemente, ouvimos relatos de um rápido aumento do número de dependendentes em metrópoles norte-americanas. Relatório do Centro Nacional para Estatísticas em Saúde (NCHS) apontou que, em 2016, o número de mortos por overdose de opioides no país foi superior a 42.000.

Já há algum tempo, cientistas do mundo inteiro vêm estudando o aumento e a popularização do uso de opioides. Os resultados mostram que esse crescimento não é regional, mas sim global. 

Segundo a edição 2020 do Relatório Mundial sobre Drogas, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), na última década o número total de mortes por transtornos associados ao uso de opioides disparou 71%. Se analisarmos o aumento por gênero, notamos crescimento de 92% entre as mulheres e 63% entre os homens.

No Brasil, pesquisa da Fiocruz divulgada em 2019 mostra que cerca de 4,4 milhões de brasileiros já fizeram uso ilegal (isto é, sem indicação médica) de algum opioide para tratar sintomas.

Em outra pesquisa, o jornal American Journal of Public Health usou dados da Anvisa para calcular que o Brasil vivenciou aumento de 465% na venda de opioides com receita. Ou seja, não importa se analisarmos o mercado legal ou o ilegal, a venda de opioides no país não para de subir.

Os motivos que levam uma pessoa a adquirir vício em opioides variam, mas estão diretamente ligados à desigualdade social, a ineficiência do poder público e a desinformação. Quando esses três fatores se juntam, está criado um ambiente ideal para a rápida proliferação do número de viciados. Os resultados, como vimos, podem ser devastadores. 

Para que os opioides são prescritos

Estima-se que quatro em cada dez brasileiros sofram de dores crônicas, o que representa cerca de 80 milhões de pessoas. Boa parte dos opioides consumidos no país são usados justamente como analgésicos fortes visando tratar dores intensas e doenças crônicas.

De fato, há alguns casos onde o uso dessas substâncias se faz necessário para promover alívio aos pacientes. Mas o que notamos é que a prescrição de opioides acabou se tornando algo automatizado por parte de muitos médicos. Pior ainda, muitos pacientes conseguem acesso a medicamentos fortes sem precisar de receita, o que representa um grave risco à suas saúdes. 

É de se preocupar que as pessoas estejam perdendo a noção coletiva de que medicamentos opioides sejam nocivos. Os efeitos colaterais desses medicamentos podem variar: insônia, falta de apetite, inquietação, tremores, diarréia, vômitos e, em alguns casos, vício e comprometimento de funções cerebrais.

 

Cannabis: uma alternativa aos opioides

A cannabis já se mostrou eficiente no tratamento de muitas das enfermidades que geralmente são tratadas com opioides. Por ser um fármaco natural, nem de longe representa o risco à saúde que os opioides representam.

A ação dos componentes presentes na cannabis se dá diretamente no sistema neurológico, mais especificamente num conjunto de receptores neurológicos que chamamos de Sistema Endocanabinóide (SEC). Esses receptores estão naturalmente presentes no ser humano e reagem positivamente aos componentes da cannabis, enviando informações ao cérebro que podem ajudar em uma série de tratamentos.

Os canabinóides atuam promovendo modificações seletivas em estruturas químicas. Centenas de estudos ao redor do mundo vem mostrando que não há comprometimento de células saudáveis. Dos mais de 500 componentes da maconha, poucos deles são psicoativos e já há comprovação científica que a cannabis não vicia.

A lista de enfermidades que podem ser tratadas à partir do óleo de cannabis é grande. O Transtorno do Espectro Autista talvez seja o mais conhecido. Milhares de pacientes diagnosticados com os mais variados níveis de autismo veem suas crises serem drasticamente reduzidas à partir do uso da cannabis

Mas não é só isso. Depressão, insônia, ansiedade, sintomas do Parkinson, Epilepsia e muitas outras doenças podem ser tratadas com o óleo de cannabis que, em muitos casos, pode substituir os opioides.

É claro que nem sempre o uso de opioides pode ser evitado. Mas é importante que as pessoas conheçam uma alternativa natural, muito menos prejudicial e que pode sim significar uma melhora considerável em sua qualidade de vida.

Por que a maconha medicinal pode ser um substituto eficaz dos tarja preta?
Por que a maconha medicinal pode ser um substituto eficaz dos tarja preta?

Por que o tratamento com cannabis não é difundido?

A luta para difundir o poder medicinal da cannabis é antiga, mas as primeiras conquistas são muito recentes. Apenas no final do ano passado a Anvisa liberou a produção de medicamentos à base de cannabis no Brasil. Mesmo assim, de lá para cá, apenas 1 laboratório anunciou que está desenvolvendo um medicamento que, quando chegar ao mercado, custará mais de R$2.000!

Foram muitas décadas de preconceito e marginalização, o que criou no consciente coletivo a percepção de que é mais seguro usar opioides pesados do que testar um tratamento alternativo.

Felizmente, o ativismo da cannabis luta incansavelmente para desmistificar essas questões. O volume global de pesquisas com a cannabis vem aumentando e, pouco a pouco, notamos uma abertura maior das pessoas para entender que a planta cannabis não é, nem de longe, uma vilã. 

Se você se interessou por saber mais sobre o poder do óleo de cannabis e de outros produtos à base de maconha, entre em contato comigo. Será um prazer te dar mais informações e te ajudar a entender como a cannabis pode melhorar a sua qualidade de vida.

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Barbara Arranz

Biomédica, especilista em terapia canabinoide e psicodélica, habilitada em acupuntura e análises clínicas e pós graduada em cosmetologia e desenvolvimento de novos projetos pela Uniara, atualmente vivo em Madri. Mulher, mãe atípica, ativista, educadora e empreendedora.

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